Fiz uma viagem mês passado passando por três países: Chile, Bolívia e Peru. Acabei anotando a maioria das coisas que aconteceram por lá, e aqui está uma maneira de eu nunca me esquecer das incríveis paisagens e experiências que passei por lá.

De início, a nossa viagem tinha sido acertada para 20 dias – que é o período de férias que normalmente se consegue. No fim das contas, acabamos estendendo para 24 dias, do dia 11 de agosto a 03 de setembro, e por imprevistos na verdade adiantamos a ida em um dia, totalizando 25 dias. Parece muito, mas eu sinceramente não me senti cansada. Tive saudades da comida, mas disso todo mundo morre de saudades. Tive saudades da minha casa, mas no último dia, no aeroporto.

Eis alguns preparativos que fizemos e algumas dicas:

Passagens

Compramos as passagens infinitamente antes, em fevereiro. Isso nos garantiu um preço relativamente bom – R$1104,57 por pessoa – considerando que compramos os trechos Curitiba/Calama e Lima/Curitiba.

Em parte, garantir a passagem antes foi um bom negócio não só pelo preço, mas com as passagens compradas a viagem se define. Por outro lado, a TAM nos fez a sacanagem de cancelar um trecho da nossa ida, e com isso tivemos de mudar nossa programação original pois era impossível chegar a Calama no mesmo dia que iríamos sair de Curitiba. Depois de muitas ligações ao atendimento da TAM – muitas mesmo, só comigo devem ter “caído” umas 4 ligações – conseguimos garantir uma pernoite em Santiago por conta da TAM. Também acabou sendo legal porque conseguimos trocar o vôo de volta (originalmente comprado para dia 01 de setembro) para estender a viagem. Mas o incômodo pra conseguir tudo isso foi muito e talvez outras pessoas teriam desistido.

Preparo físico

Sabendo que íamos fazer a Trilha Inca, procurei uma academia logo em março e comecei meu treino focado nesse objetivo. Nessa parte, foi importante conversar direitinho com a minha instrutora e explicar a dificuldade da trilha, pois, apesar de nos dois primeiros meses o treino ser o básico, nos meses seguintes treinei muita perna. Fiz muitos exercícios focados na parte posterior da coxa, que não só trabalharam a resistência mas também puxaram um pouco o aeróbico. O casal que nos acompanhou na Trilha não tinha feito nenhum preparo, e eles aguentaram bem. Mas para mim, que passo o dia sentada e não faria nada sem um estímulo e uma obrigação, foi necessário e muito bom, pois não fiquei inteira dolorida e não senti fadiga que me fizesse querer desistir no meio.

Roupas

Comprei uma bota de caminhada na Território do Shopping Barigui cerca de um mês antes da viagem. Comprei o modelo Timberland Chochorua – a Timberland é considerada bota de má qualidade no Chile e no Peru, mas serviu muito bem pra mim. Eu paguei R$429, mas dias depois na Decathlon tava R$399. Eu não costumo fazer trilhas, então não queria investir muito numa bota que eu não fosse usar com frequência depois da trilha. Se o seu trabalho envolve andar na lama, na chuva, em pedras mas não requer EPIs, talvez seja interessante considerar essa opção. Se tiver mais dinheiro e precisar de EPIs, considere gastar um tanto a mais numa bota que tenha certificação e que você possa acabar usando com frequência depois.

Fui trabalhar com a bota em dias de chuva, “neve”, frio. Fiz a trilha do Morro do Anhangava com ela também. Isso é bom para testar algum defeito na bota, e identificar se ela não está te machucando.

Meu namorado comprou a bota dele, também uma Timberland Chochorua, em La Paz. Não achamos com cara de falsificada, e o preço foi bem bom: ele pagou 720 bolivianos, o que equivaleu a mais ou menos R$250, enquanto aqui está R$499. Ele teve a desvantagem de ter menos tempo pra amaciar a bota.

Comprei também um par de meias específicos para caminhada, que não fazem bolha e não retém o suor. Paguei R$39,9 o par. Não é completamente necessário, mas recomendo. Recomendo também experimentar a bota com as meias grossas, andar bastante dentro da loja mesmo para ver se a bota que você escolheu é a certa.

Comprei ainda um Anoraque Alpino da Conquista, que funcionou bem nos desertos e na trilha. O anoraque é um casaco “impermeável”, respirável e corta vento. “Impermeável” pois ele aguenta uma coluna d’água de 3000mm. Ou seja, não dá pra pegar uma tempestade com ele e achar que vai ficar sequinho. Eu peguei bastante chuva na trilha com ele, e fiquei úmida, mas não ensopada. Paguei R$199,9 por ele, e achei que foi um bom investimento.

Também comprei uma calça impermeável (essa de verdade) da Columbia. Mas só comprei porque alguns parentes foram para os EUA, no verão. Então minha tia pagou US$30 por uma calça que aqui custa R$600. Gastei mais uns R$50 pra ajustar (caro mesmo, mas a costura tem que ser especial senão não adianta nada). Essa calça também me foi bem útil na trilha, mas eu não compraria uma pagando preço de Brasil.

Seguro Viagem 

Essencial. Não usamos, mas é bom se garantir.  Fiz com o André da BWT (andreh@bwtoperadora.com.br), que fez o melhor preço para o nosso grupo, R$ 132,81 por pessoa.

Planejamento

Bom, eu não fiz MUITA coisa de planejamento, mas a minha amiga montou uma planilha esperta que eu vou postar em breve com a previsão de custos, isso ajuda bastante na hora de se preparar financeiramente. Se você é que nem eu, que não gosta de passar vontade, uma planilha serve pra bastante coisa, mesmo que você tenha flexibilidade no seu roteiro. Não custa nada colocar o valor de todas as coisas que você quer fazer em cada país no Excel – se você for embora antes e não fizer nada, vai acabar gastando menos, mas já vai estar indo preparado pra gastar mais.

Reservas da Trilha Inka e mais

Imagino que se você chegou aqui nesse post, você tá louco de saber que a Trilha Inca se reserva com meses de antecedência. Se você não sabia, a Trilha Inca se reserva com meses de antecedência! Sem brincadeira, reservamos a trilha em março, haviam 400 vagas (só podem entrar 500 pessoas por dia na Trilha). Em abril, as vagas para agosto haviam se esgotado. A nossa guia, Frida, nos explicou que isso acontece porque os porteadores também entram nessa conta, e muita gente contrata porteadores extras para carregar a bagagem. Por isso, de repente as vagas acabam. Ela também nos contou que o ideal é tentar fazer a reserva quando ainda restam mais de 250 vagas, pois assim é garantido que você vai ficar no acampamento Wiñaywayna, mais próximo do posto de controle, e não no de Phuyupatamarca. Ficar nesse último acampamento significa andar menos no terceiro dia, não explorar o sítio arqueológico de Intipata (pois o último dia de trilha começa às 3:30 pra quem está no Wiñaywayna, possivelmente mais cedo pra quem fica no Phuyupatamarca), e dormir num lugar mais alto, e por consequência, frio. Fora que lá os banheiros são precários e os coitados dos porteadores têm de descer e subir escadas infinitas para pegar água.

Quanto aos hostels, a América Latina não é como a Europa – você não precisa necessariamente reservar o hostel pra se garantir. Se você estiver viajando em grupo, planejando em dormir em quarto compartilhado – vá sem medo de ser feliz, com alguns hostels de referência apenas. Nós acabamos reservando hostels em quase todos os lugares, mas porque iríamos ficar em quartos privativos (fomos em 2 casais e 1 solteiro), mas não sinto que era necessário. Em Lima e Cusco era bem necessário reservar hostel (no nosso caso), mas porque queríamos ficar próximos ao centro dessas cidades, que são mais concorridos. Nesse caso penamos para achar vagas, e em Cusco ficamos num hostel de deixou muito a desejar. Mas isso eu explico direitinho no relato da viagem.